História
A Freguesia de Margaride, mencionada nas inquirições de 1258, com a designação de vila Margaride, pertence ao distrito do Porto. A povoação de Margaride foi elevada à categoria de vila de Felgueiras, por carta de D. Maria II, datada de março de 1846. É na cidade de Felgueiras, sede do concelho e comarca do mesmo nome, atravessada por estradas, que se dirigem para Guimarães, Fafe, Amarante e Lousada, que se fabrica o afamado Pão de Ló de Margaride, cuja história se destaca ao longo de séculos.
O fabrico do Pão de Ló ou pão leve, em Margaride, data de há mais de três séculos. O da casa de Leonor Rosa da Silva, a casa mais antiga ainda hoje aberta, data de há um século e meio. Foi no início do século XVIII, há cerca de 300 anos atrás, que uma mulher, de nome Clara Maria, começou o fabrico deste Pão de Ló. A Casa, tal como hoje, encontrava-se localizada na freguesia de Margaride, no centro da atual cidade de Felgueiras, no norte de Portugal. Este Pão de Ló ficou conhecido por “Pão de Ló de Margaride”.
Após a morte de Clara Maria, foi Antónia Filix, que continuou com o fabrico deste doce, tendo mais tarde, passado essa tarefa para Leonor Rosa da Silva. Antónia Filix tinha como companhia Leonor Rosa da Silva, que tinha ficado ao cuidado e encargo da sua patroa Clara Maria, passando-lhe todo o conhecimento sobre o fabrico deste apreciado doce. Leonor Rosa ficou nessa casa até à idade dos seus 16 anos, quando foi raptada, acabando por casar com o seu raptor. Durante essa altura foi então fabricar o Pão de Ló para a Lixa. A primeira fábrica de Pão de Ló ou pão leve de Leonor Rosa foi montada numa casa, situada no lugar do Tanque, na povoação de Margaride, pois então ainda não tinha a categoria de vila, casa essa que, entretanto, já foi demolida.
Mais tarde, Leonor Rosa da Silva volta a casar pela segunda vez, mudando-se para a casa do seu segundo marido, onde atualmente está instalada a fábrica de Pão de Ló de Margaride. Anos mais tarde, Leonor Rosa fica viúva e acaba por se casar com o marido da sua criada. Leonor Rosa da Silva falece a 9 de julho de 1898, sem descendentes e instituiu como herdeiro o seu terceiro marido – Joaquim Luíz da Silva, por testamento datado de 12 de julho de 1877. Joaquim Silva ao falecer em 1909 deixa como seu herdeiro o seu filho José Maria da Silva, falecido em 1940. José Maria Lickfold da Silva herda, então, de seu pai a Fábrica de Pão de Ló de Margaride – Leonor Rosa da Silva, Sucr. Leonor Rosa da Silva tornou conhecido o Pão de Ló de Margaride durante mais de 50 anos de trabalho. O sucesso foi tanto que em 1888 foi atribuída a esta Casa a designação de Fornecedora da Casa Real Portuguesa.
Durante mais de cinquenta anos de trabalho porfiado e inteligente, conseguiu tornar conhecido em Portugal e no Brasil o seu Pão de Ló de Margaride, cujo nome é hoje bem persistentemente cobiçado. Por carta particular, timbrada com as armas de Suas Altezas Reais os Duques de Bragança, data do Paço de Belém, em 5 de dezembro de 1888, e assinada pelo Conde de São Mamede, foi informada Leonor Rosa da Silva, de que lhe foram concedidas as honras de fornecedora da Real e Ducal Casa de Bragança, podendo usar as Armas Ducais, conforme o modelo que está na casa. As Armas têm em cima delas uma coroa ducal e por timbre, um dragão. Por alvará do Rei DomCarlos, datado de 22 de abril de 1893, dirigido a António de Melo, Marquês de Ficalho, par do reino, mordomo-mor do Rei, atentas às circunstâncias que concorrem em Leonor Rosa da Silva, com estabelecimento de confeitaria, na vila de Margaride, concelho de Felgueiras, foi feita mercê de a nomear fornecedora da Casa Real, dos artigos do seu comércio, gozando de todas as honras e prerrogativas que lhe competirem e podendo com este título colocar as Armas Reais Portuguesas no frontispício do seu estabelecimento.
O alvará foi assentado no livro de matrícula dos moradores da Casa Real, a fls. 65, do livro 9, em 31 de maio de 1893, e pagou de selo 19 500 réis. Também foi registado a fls. 64, do livro 8, de cartas e alvarás da secretaria de Mordomia-Mór da Casa Real. Em virtude das autorizações dadas pelo Monarca português e pela Casa de Bragança, viam-se em tempo, na frente da casa da fábrica de Pão de Ló de Leonor Rosa da Silva, as Armas Reais portuguesas e as da casa de Bragança, que ainda hoje são usadas no carimbo com que a firma autêntica os seus produtos.
O atual herdeiro da Fábrica do Pão de Ló de Margaride – Leonor Rosa da Silva Sucr. é Guilherme Lickfold que afirma que apesar da aposta em novas tecnologias para a promoção da iguaria, a confeção do Pão de Ló respeita o receituário tradicional, continuando a garantir o estatuto de fornecedora oficial da Casa Real e Ducal Portuguesa, desde 1888. Desde 1900 que o doce, com marca registada, é preparado nas atuais instalações, de forma artesanal, utilizando os mesmos fornos e recorrendo a mão-de-obra com segredos transmitidos de geração em geração.